COLANGIOPANCREATOGRAFIA RETRÓGRADA ENDOSCÓPICA
O que é?
A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica ou CPRE é um procedimento indicado para avaliação diagnóstica e tratamento das doenças que acometem as vias ou canais biliares intra e extra-hepáticos (o colédoco) e o canal pancreático principal (ducto de Wirsung). As principais manifestações das doenças, que causam lesão nos ductos pancreáticos e biliares são icterícia (olhos e pele amarelada), dor abdominal, febre e alterações bioquímicas nas enzimas hepáticas e pancreáticas. Esses sinais e sintomas podem ser decorrentes de cálculos, e tumores (colangiocarcinoma) biliares, tumores e cistos pancreáticos, pancreatite crônica, doença crônica parenquimatosa do fígado e estenoses (estreitamentos) inflamatórias ou pós-cirúrgicas das vias biliares.
A CPRE é realizada introduzindo-se, pela boca até a segunda porção duodenal, um aparelho flexível com iluminação lateral que permite a introdução de um cateter plástico ou de um papilótomo pelo orifício de abertura desses canais (papila duodenal ou de Vater) a fim de avaliar radiologicamente a anatomia das vias biliares e do ducto de Wirsung, através da injeção de contraste radiopaco pelo cateter injetor seguida de radiografias seriadas do abdômen. Durante o exame, as imagens radiológicas são interpretadas pelo médico endoscopista, que dependendo do diagnóstico, poderá realizar complementação terapêutica (tratamento), incluindo papilotomia (secção longitudinal da papila e de pequenos músculos (esfincteres) com bisturi elétrico e papilótomo); retirada de cálculos com balão extrator ou cesta (basket); dilatação e drenagem das estenoses (estreitamentos) inflamatórias ou tumorais por dilatação com sonda ou por colocação de prótese endoscópica. O exame é realizado sob regime de internação hospitalar por 24 horas ou hospital/dia
Qual o preparo para o exame?
Deve-se interromper uso de aspirina (AAS) e anticoagulantes antes do procedimento, de acordo com a orientação do seu médico. Caso o paciente necessite do uso contínuo de aspirina ou ainda de anticoagulantes, seu médico assistente deverá orientar e autorizar a interrupção dessas medicações. Para realização do exame é necessário que seu estômago esteja vazio. Você deverá permanecer em jejum completo por 8 horas. Se houver necessidade do uso de alguma medicação prescrita (por exemplo anti-hipertensivos ou hormônio tireoideano) antes do exame, você deve tomá-la com pequenos goles de água. Não faça uso de leite ou de antiácidos. As demais medicações de uso crônico podem ser postergadas para após o exame. Caso você seja diabético, deixe para fazer uso de insulina ou dos hipoglicemiantes orais após o exame próximo à primeira refeição do dia. Você deverá se apresentar à admissão de clientes no horário designado. Evite comparecer com unhas pintadas, porque o esmalte prejudica a monitorização da oxigenação sanguínea durante o exame. Antes de iniciar o exame, é necessário o preenchimento da ficha de admissão e do termo de consentimento informado. O médico estará disponível para explicar o procedimento e responder as suas perguntas. Por favor, informe se você já realizou outro exame de endoscopia, se tem alergia a iodo ou se já teve alergias ou reações a qualquer medicação. Você precisará remover seus óculos e próteses dentárias.
O que acontecerá durante o exame?
O exame será realizado com sedação ou anestesia venosa sob supervisão de um médico especialista para que você relaxe e adormeça. Dependendo da medicação empregada, você poderá sentir sensação de ardência no local da infusão e no trajeto da veia puncionada um pouco antes de adormecer. Logo após, o exame será realizado com a introdução do aparelho pela boca até o duodeno, visualização e cateterização da papila e avaliação da anatomia dos ductos biliares e pancreáticos. Se necessário, complementação terapêutica com papilotomia, retirada de cálculos, dilatação ou colocação de prótese biliar será efetuada durante o mesmo procedimento. A duração média do procedimento é de 45 minutos salvo situações especiais.
Quais os riscos do procedimento?
A CPRE é um exame invasivo recomendado para diagnóstico e tratamento de doenças das vias biliares e do pâncreas. Como todo ato médico invasivo, ela não é isenta de riscos. As principais complicações da CPRE podem ser divididas em complicações relacionadas ao a sedação ou anestesia e complicações relacionadas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos. As medicações utilizadas na anestesia podem provocar reações locais (flebite no local da punção venosa) e sistêmicas de natureza cardiorrespiratória, incluindo depressão respiratória com diminuição na oxigenação sanguínea e alterações no ritmo cardíaco (bradicardia e taquicardia) e na pressão arterial sistêmica (hipotensão e hipertensão). Esses efeitos colaterais são constantemente monitorizados durante o exame com o uso de monitor de oxigenação sanguínea e de controle da frequência cardíaca e pressão arterial, estando a equipe habilitada para o tratamento imediato de qualquer uma dessas complicações. As principais complicações relacionadas a CPRE são dor e distensão abdominal, pancreatite, sangramento digestivo e perfuração duodenal. A pancreatite aguda é a complicação mais frequente ocorrendo em 1% a 7% dos casos. Perfuração e sangramento podem acontecer em, respectivamente, 0,3%-0,6% e 0,8% a 2% dos casos, particularmente nos pacientes submetidos à papilotomia. A colangite (infecção das vias biliares) ocorrem em cerca de 1% dos casos, principalmente em pacientes com estenoses (estreitamentos) benignas ou malignas sem condições de drenagem endoscópica. Essas complicações podem prolongar o tempo de internamento hospitalar e necessitar de tratamento com antibióticos, intervenção radiológica ou mesmo terapêutica cirúrgica.
O que devo fazer após o procedimento?
Você irá permanecer na sala de repouso por cerca de 10-30 minutos, até que os efeitos principais das medicações empregadas para sua sedação desapareçam. Sua garganta pode ficar adormecida ou levemente irritada e você pode sentir um discreto empachamento no estômago. Espirros ou sensação de congestão nasal podem ocorrer caso você tenha recebido oxigênio suplementar durante o exame. Após a recuperação anestésica, você será levado de volta para o seu leito. Caso seja necessário, poderá fazer uso de medicações analgésicas. Comunique qualquer intercorrência à enfermeira responsável para que ela possa tomar as providências cabíveis e se necessário entrar em contato com a equipe de endoscopia. Você deverá ficar em jejum 8-12 horas após o procedimento. No entanto, caso não tenha sido realizado nenhum procedimento terapêutico, a dieta líquida ou branda poderá ser liberada.
No dia imediato ou seguinte ao procedimento, na ausência de intercorrências clínicas, o médico dará sua alta hospitalar. Você pode voltar a sua dieta normal e a fazer uso de suas medicações rotineiras, a menos que tenha sido instruído do contrário por seu médico. O resultado do exame deve ser interpretado de acordo com sua história clínica e exame físico. O médico que solicitou o exame é o profissional mais habilitado para orientá-lo em relação ao diagnóstico encontrado. Se necessário, o médico endoscopista poderá entrar em contato direto com ele. Instruções adicionais a respeito de seu problema e tratamento serão dadas na sua próxima consulta clínica. Se foram obtidas biópsias, a análise poderá ser realizada pelo laboratório de anatomia patológica de sua preferência, sendo o resultado entregue pelo laboratório, no prazo previsto. Caso você tenha se submetido a um procedimento terapêutico, informações adicionais serão prestadas pelo médico endoscopista. Caso você apresente qualquer intercorrência: dor ou vômitos repetitivos; evacuação ou vômitos com sangue; febre; dor abdominal, vermelhidão ou inchaço no local da injeção endovenosa, por favor entre em contato com seu médico endoscopista.
É importante que esteja acompanhado por um adulto responsável que lhe possa prestar algum auxílio eventualmente necessário, uma vez que a medicação poderá afetar a sua capacidade de raciocínio, decisão e reflexos durante o resto do dia com um acompanhante maior e responsável. Se for submetido a qualquer tipo de sedação não poderá dirigir motos ou carros, nem voltar na carona de motos.
NOTA IMPORTANTE: Estas informações pretendem apenas fornecer indicações gerais, não substituindo o aconselhamento médico definitivo. É essencial que discuta com o seu médico acerca da sua condição clínica específica