Intestino Delgado

O que é Adenocarcinoma?

Embora o intestino delgado compreenda 70 a 80% da extensão total do trato gastrointestinal, os tumores malignos deste órgão são raros, representando cerca de 3% dos casos. A incidência de tumores malignos no intestino delgado aumenta com a idade, sendo mais frequente entre 60 e 70 anos. Em 90% dos casos são diagnosticados após os 40 anos de idade.

Cerca de 90% dos tumores malignos do intestino delgado são representados por quatro tipos histológicos: tumor neuroendócrino, adenocarcinoma, linfoma e tumor estromal gastrointestinal.

O adenocarcinoma corresponde ao segundo tumor maligno mais frequente do intestino delgado sendo, porém, o mais frequente na porção mais proximal deste órgão, chamada duodeno.

Algumas síndromes polipoides, como por exemplo a polipose adenomatosa familiar, pode ser responsável pelo desenvolvimento de inúmeros pólipos de intestino delgado, principalmente no duodeno. Pacientes com esta síndrome apresentam risco de até 300 vezes maior que a população geral de desenvolver adenocarcinoma de duodeno. O seguimento endoscópico com biópsia é fundamental nestes pacientes com vários pólipos.

Pacientes com doença inflamatória intestinal (Doença de Crohn) e com doença celíaca também apresentam maior risco de desenvolver adenocarcinoma de intestino delgado.

Sintomas

O diagnóstico do adenocarcinoma é difícil, sendo frequentemente realizado em fase adiantada de sua evolução, devido à baixa especificidade dos sintomas e ao baixo grau de suspeição, além da dificuldade de avaliação do intestino delgado, já que este órgão apresenta cerca de 5 a 7 metros de extensão.

As apresentações clínicas mais frequentes são:

Hemorragia gastrointestinal obscura • Alteração na tomografia computadorizada, como espessamento da parede intestinal • Emagrecimento • Diarreia • Dor e distensão abdominal • Obstrução intestinal

Os tumores no intestino delgado constituem a segunda causa mais comum de hemorragia gastrointestinal obscura (após as lesões vasculares), devendo ser examinado após excluírem focos hemorrágicos nos exames de endoscopia digestiva alta e colonoscopia.

Como diagnosticar?

A cápsula endoscópica e a enteroscopia por balão representam os dois métodos endoscópicos diagnósticos na avaliação do intestino delgado. A cápsula endoscópica é deglutida facilmente e tem a vantagem de ser um método não invasivo e sem desconforto para o paciente, onde múltiplas fotos são tiradas no decorrer do percurso dentro do intestino, imagens estas capturadas e transmitidas para um receptor colocado na cintura do paciente. Através de um sistema de software acoplado ao computador, é possível se fazer a leitura das imagens. Contudo, não há possibilidade de realização de biópsias das lesões encontradas.

Já a enteroscopia por balão permite tanto o exame diagnóstico do intestino delgado, assim como as biópsias e muitas vezes o tratamento endoscópico, como por exemplo a cauterização das lesões hemorrágicas ou retirada de pólipos. Assim, cápsula endoscópica e a enteroscopia são exames complementares na avaliação do intestino delgado.

Com relativa frequência, podemos identificar alteração na tomografia computadorizada, como espessamento da parede intestinal. Neste caso, é necessário a complementação diagnóstica através da enteroscopia

Como tratar?

Quanto ao tratamento, deve-se dizer que lesões pequenas e precoces, confinadas às camadas mais superficiais da parede do órgão, especialmente os pólipos, podem ser removidos por endoscopia ou enteroscopia. Porém, nos casos de lesões grandes e avançadas, ou seja, com invasão mais profunda na parede do órgão, o tratamento cirúrgico é o único procedimento com possibilidade de cura da doença. Em casos de lesões avançadas e obstrutivas do intestino, em pacientes sem condições cirúrgicas, o tratamento paliativo pode ser feito com a passagem de prótese endoscópica para permitir que o paciente tenha ingesta oral de alimentos. Tanto a radioterapia como a quimioterapia parecem não ter efeito terapêutico comprovado, contudo alguns profissionais indicam a quimioterapia como complementação após a cirurgia.