Epidemiologia
Câncer colorretal (CCR) é o tumor que se inicia no intestino grosso (chamado cólon) ou no reto que é o segmento final, imediatamente antes do ânus. É uma das causas mais frequentes de morte por câncer nos países industrializados, tanto para homens quanto para mulheres, representando 8,5% de todos os novos tumores, sendo responsável por cerca de 12% das mortes relacionadas ao câncer. O risco de uma pessoa desenvolver o CCR ao longo da vida é de cerca de 6%. No Brasil, excluindo-se os cânceres de pele, o CCR deverá ser, em 2020, o segundo tipo de câncer mais frequente entre os homens e mulheres, superado apenas pelo câncer de próstata no homem e mama nas mulheres. A sua incidência é estimada pelo Instituto Nacional do Câncer para o ano de 2020 em 40.990 casos novos, ou seja 11,5 novos casos para cada 100 mil pessoas. Mundialmente, a maior parte dos casos ocorre na faixa etária entre 50 e 70 anos, mas o risco aumenta consideravelmente já a partir dos 40 anos.
Fatores de risco
Existem algumas condições que são consideradas de maior risco para o desenvolvimento do CCR sendo a de maior importância a idade avançada. Cerca de 90% dos casos são diagnosticados em pessoas com mais de 50 anos, assim pessoas na faixa etária entre 80 e 84 anos tem um risco sete vezes maior do que a população entre 50 e 54 anos.
Fatores dietéticos como dieta rica em gorduras animais e proteínas se relacionam com maior risco de desenvolvimento do tumor. Por outro lado, o consumo de fibras alimentares é considerado como fator protetor para o CCR.
Outras situações consideradas de risco são: obesidade, sedentarismo, consumo de cigarro e álcool em excesso.
Além disso, fatores familiares também podem aumentar o risco para desenvolver esses tumores, tais quais ter parentes diagnosticados com CCR ou pólipos do intestino grosso, doenças inflamatórias intestinais, tumores ou pólipos do cólon previamente tratados.
Quadro clínico
O sintoma mais frequente em pessoas com CCR é o sangramento observado durante as evacuações. Quando acontece, este sangramento deve ser valorizado evitando-se relaciona-lo a doença hemorroidária pois isto pode implicar no diagnóstico tardio com menores chances de cura. Assim sendo, nestas situações, é importante procurar orientação médica.
A alteração do hábito intestinal com diarreia, intestino preso ou a alternância entre estas duas situações é o segundo sintoma mais frequente.
Outros sintomas são dor abdominal, eliminação de muco nas fezes, emagrecimento, anemia e fraqueza.
Diagnóstico
O diagnóstico deve ser suspeitado em pessoas que apresentam quadro clínico sugestivo. Nestes, após conhecimento da história clínica e realização de exame físico que inclui o toque retal, deve ser encaminhado para exames, entre eles, a colonoscopia.
A colonoscopia é o exame endoscópico do intestino grosso que é feito sob sedação, após limpeza do intestino. A colonoscopia é considerada a melhor forma não somente de se fazer o diagnóstico como também de tratar as lesões menores ou fazer biópsias das mais avançadas.
Prevenção
A prevenção do câncer colorretal deve ser iniciada no sentido da adoção de medidas para impedir ou reduzir as chances da instalação da doença em uma pessoa sadia. Neste sentido, recomenda-se a adoção de hábitos saudáveis no que tange a alimentação, atividades físicas evitando-se o sedentarismo e tabagismo.
Pacientes que tenham critérios de risco aumentado devem ser submetidos a rastreamento o que significa detecção do câncer em pacientes que não apresentam sintomas da doença. Especificamente em relação ao CCR, o rastreamento é extremamente válido pois temos maneira de se detectar e tratar as lesões precursoras, os pólipos, de forma segura ou diagnosticar o tumor em uma fase inicial.
A importância do diagnóstico precoce, um dos alvos do rastreamento, pode ser indiretamente avaliada através da análise das taxas de sobrevida em 5 anos, segundo o momento de diagnóstico. Assim, a sobrevida é de 90% na doença restrira à parede intestinal, quase 70% quando existe comprometimento de linfonodos (gânglios linfáticos) e de 10% quando o diagnóstico é feito em fase quando já existem metástases (comprometimento de órgãos distantes do tumor, fígado por exemplo). Apesar do conhecimento da importância do diagnóstico precoce, cerca de 85% dos casos ainda são diagnosticados em uma fase avançada.
Desta forma, recomenda-se iniciar o rastreamento das pessoas que não tenham um fator de risco adicional, aos 50 anos de idade. O rastreamento pode ser feito de diversas maneiras que habitualmente envolve a pesquisa de sangue nas fezes e a colonoscopia.
Tratamento
O tratamento do CCR é variável segundo o estadiamento, localização do tumor e perfil clínico do paciente. As lesões em uma fase inicial podem ser tratadas através da colonoscopia com a sua remoção completa. As diagnosticadas em fase mais avançada podem requerer tratamento cirúrgico que pode ser precedido por quimioterapia e radioterapia e outras vezes tais terapêuticas são indicadas após a cirurgia.